Enfermeira

No serviço de pediatria desenvolvi competências do enfermeiro de cuidados gerais no contexto dos serviços de internamento em pediatria, em que eram recebidos casos de medicina e cirurgia pediátrica. A passagem por este serviço permitiu-me, identificar necessidades e capacidades da criança de acordo com os estadios de crescimento/desenvolvimento infantil, desenvolver competências de acompanhamento da criança/pais que vivem transições saúde/doença e transições situacionais, no contexto da prática clínica, implementar intervenções de enfermagem promotoras do desenvolvimento do papel parental e organizar a prática clínica reconhecendo os pais como parceiros dos cuidados caso seja vontade dos mesmos. Neste serviço tive oportunidade de contactar com crianças em diferentes fases de crescimento e desenvolvimento, desde recém-nascidos, lactentes, toddler, idade escolar e adolescentes, com diferentes patologias, sendo mais predominante patologias do foro respiratório como bronquiolite aguda, pneumonia e exacerbações de asma, onde os cuidados passavam pela promoção da limpeza da via aérea, através de técnicas não invasivas, como drenagem postural, dar pequenas palmadas no dorso de forma a criar vibrações que promovem a deslocação de secreções, e técnicas mais invasivas como a aspiração de secreções. Nos casos cirúrgicos, contactei com crianças e adolescentes que foram submetidos a intervenções cirúrgicas em ambulatório como, amigdalectomia, adenoidectomia, miringotomia, e também, microcirurgia de reconstrução da falange distal do 5º dedo e cirurgia por fratura do epicôndilo medial, em que os objetivos passavam inicialmente por promover analgesia, monitorização e gestão da dor aguda e realizar as vigilâncias necessárias no pós-operatório. Para além de tudo isto, permitiu-me melhorar a minha capacidade de preparação e administração de medicação por via intravenosa através de cateter venoso periférico, diretamente ou em perfusão contínua.

Na ECCI, desenvolvi competências como enfermeiro gestor de caso em contexto dos domínios de competências do enfermeiro de cuidados gerais, no âmbito da comunidade. Aqui tive a oportunidade de contactar com doentes que integravam a rede de cuidados continuados para reabilitação funcional e promoção de autonomia derivado de substituição total da anca por coxartrose ou por fratura resultante de queda, sendo que, os principais objetivos para o plano individual de intervenção, passavam por ensinar sobre gestão da dor, aumentar a força muscular, amplitude articular e equilíbrio dos clientes através da execução de exercícios músculo-articulares dirigidos e exercícios de treino de equilíbrio, promover a adaptação à nova condição de saúde de forma a estimular o desempenho de atividades de vida diária com ou sem o auxílio de dispositivos para assegurar o autocuidado (calçadeira, esponja de cabo longo, banco de chuveiro, entre outros), instruir e treinar a andar com auxiliar de marcha e prevenir o risco de queda. Para além destes casos, tive também a oportunidade de contactar com um caso que integrava a rede para reabilitação funcional, respiratória e promoção de autonomia devido a uma miopatia de desuso que decorreu da progressão de um linfoma não hodking, ao qual levou a uma degradação do estado geral desse indivíduo, pelo que os objetivos principais para a reabilitação respiratória deste cliente passavam por melhorar a capacidade para controlar a intolerância à atividade instruindo sobre técnica de respiração diafragmática, melhorar capacidade para expetorar incentivando a ingestão de líquidos e instruir e treinar técnica respiratória, bem como, também foi instruído e treinado a administração de medicação por via inalatória através de câmara expansora à familiar cuidadora e melhorada a capacidade da mesma para auxiliar nos diferentes domínios do autocuidado sem realizar a substituição e promover o máximo a autonomia do doente.

A minha experiência na unidade de cuidados continuados permitiu-me desenvolver competências como enfermeiro gestor de caso no âmbito dos domínios de competências do enfermeiro de cuidados gerais, onde para uma melhor coordenação, monitorização e avaliação das diferentes intervenções é necessário a definição de uma plano individual de intervenção, o qual evidencia, claramente, os objetivos a alcançar pelo utente, as tarefas e responsabilidades de cada profissional, em que o, gestor de caso é o responsável direto pelo acompanhamento do processo individual e garante a comunicação com os demais intervenientes na prestação de cuidados. Neste serviço em específico, contactei com doentes integrados na rede de cuidados continuados para reabilitação e continuação de cuidados após AVC estriatocapsular e insular esquerdo com oclusão aguda da artéria cerebral média, reabilitação funcional após hemorragia intracraniana frontoparietotemporal profunda esquerda e reabilitação funcional após atropelamento por fratura supracondiliana do fémur direito e pratos tibiais esquerdo. Estes doentes permitiram-me desenvolver capacidades de comunicação, uma vez que apresentavam compromisso ao nível da comunicação resultante das lesões do AVC, bem como ajudar estes clientes a melhorar a sua capacidade de comunicação através de estratégias de estimulação como uso de mímica, escrever, repetição de palavras simples, associação de palavras a imagens, providenciar momentos musicais, dar pistas sobre as palavras que procura, repetir mensagem as vezes necessárias, não interromper e não valorizar erros do cliente, entre outras. Para além disso, outra das competências desenvolvidas centram-se na avaliação e melhoria da força muscular e equilíbrio deste tipo de doentes e por consequente na estimulação dos clientes para o desempenho das suas atividades de vida diária e adaptação à nova condição de saúde.

A minha passagem por este serviço permitiu-me a prestação de cuidados gerais de enfermagem no âmbito da saúde mental e psiquiatria. Desta forma, tive a oportunidade de contactar com doentes com múltiplas patologias do foro mental, como, transtornos da personalidade, esquizofrenia, autismo, demência frontotemporal, doença de Alzheimer, entre outras, em diferentes faixas etárias, o que me levou a desenvolver competências comunicacionais, de modo a utilizar a comunicação de uma forma terapêutica com indivíduo/grupos, competências relacionais, na perspetiva de que o momento em que acontece a relação é um momento privilegiado e único de mútuo conhecimento (função terapêutica determinante), pelo que também me permitiu desenvolver a capacidade de observação, análise reflexiva e autocrítica, como também, planear e implementar ações de psicoeducação e estimulação cognitiva ao indivíduo/grupo, estratégias para controlar ansiedade e sono.

Enquanto enfermeira de família no âmbito dos domínios de competências do enfermeiro de cuidados gerais, desenvolvi competências na prestação de cuidados de enfermagem ao indivíduo/família, em todos os níveis de prevenção (promoção da saúde, prevenção da doença, tratamento e reabilitação). Para além disso, permitiu-me desenvolver o meu conhecimento, capacidade e habilidades para lidar com doentes com doenças metabólicas como a diabetes, onde o objetivo das consultas passavam por estimular a adoção de comportamentos promotores da saúde, em particular os que influenciam diretamente o controlo da diabetes, nomeadamente o regime dietético, o regime de exercício físico e o regime medicamentoso, e reforçar ainda os cuidados a ter com os pés. Também, com doentes portadores de hipertensão arterial, ao qual o objetivo das consultas, era estimular a adoção de comportamentos promotores da saúde, em particular os que influenciam diretamente o controlo da HTA, nomeadamente o regime dietético, o regime de exercício físico e o regime medicamentoso, e incentivar à autovigilância da doença. Outra das grandes áreas de intervenção era a nível do planeamento familiar, em que os objetivos da consulta passavam por contribuir para a saúde e bem-estar reprodutivos através da prevenção e resolução, dando respostas adequadas às necessidades específicas da mulher, nesta área, ao longo do ciclo de vida, bem como, assegurar atividades de promoção da saúde tais como: informação e aconselhamento sexual, prevenção e diagnóstico precoce das IST’s, do cancro do colo do útero e da mama, prestação de cuidados pré- concecionais e prevenção do tabagismo e do uso de drogas ilícitas. Para além disso, pude desenvolver a minha capacidade no tratamento de feridas agudas e crónicas, bem como na administração de injetáveis em adultos e crianças.

A minha passagem por estes serviços, permitiu-me desenvolver conhecimentos teóricos relativos à patologia, fisiologia e fisiopatologia, de diferentes áreas como, oftalmologia, cardiologia, ortopedia, urologia, gastroenterologia, onde tive o privilégio de contactar com doentes submetidos a cirurgia de hérnia inguinal bilateral, microcirurgia laríngea com laser, artroplastia total do joelho, bypass coronário, herniorrafia abdominal e colecistectomia, cistectomia radical com linfadectomia pélvica, histerectomia, ressecção transuretral da próstata e bexiga e facoemulsificação com implante de lente intraocular. Permitiu-me desenvolver conhecimento sobre analgesia, monitorização e gestão da dor aguda no doente cirúrgico, e a minha capacidade para realizar as vigilâncias necessárias no pós-operatório do doente cirúrgico. Permitiu-me desenvolver procedimentos adequados com rigor e que cumpram os princípios científicos orientadores de boas práticas (p.e.: tratamento a ferida cirúrgica, remoção de sutura, preparação e administração de medicação oral e intravenosa por cateter venoso periférico, colheita de sangue, remoção de drenos, treino de marcha como ou sem auxiliares de marcha, cuidados com próteses ortopédicas, cuidados a ostomias urinárias, manuseamento de penso PICO e compressão de artéria radial). Assim, esta experiência permitiu-me desenvolver múltiplas competências como enfermeira de cuidados gerais, desde da admissão do doente, preparação para a cirurgia, admissão no recobro e no serviço de cirurgia, na preparação para a alta e no pós-alta na consulta de cirurgia. Como também desenvolver uma comunicação terapêutica com a pessoa/cliente e referentes diretos. E integrar e comunicar com as equipas inter e multidisciplinares.

Nesta Unidade de Cuidados na Comunidade, tive a oportunidade de desenvolver competências centradas na promoção da transição para a parentalidade, onde integrei o projeto “Bem-Me-Quer”, onde primeiramente realizei consultas às grávidas/casal grávido que eram sugeridas para integrar este projeto, de forma, a avaliar as suas necessidades, para posteriormente, intervir e suprir as mesmas. Assim, desenvolvi sessões em grupo, sobre diversos temas, no âmbito da preparação para a parentalidade, como, Preparação da Casa para a Chegada do Recém-Nascido, Preparação do Enxoval, Cuidados Durante a Gravidez, Segurança e Transporte, Puerpério, Amamentação e Características e Cuidados ao Recém-Nascido. De uma forma geral, esta oportunidade permitiu-me desenvolver grandes competências a nível de comunicação, com grandes grupos, de organização, porque sem ela, não era possível conduzir uma sessão de forma eficaz, e responsabilidade, porque estava a transmitir conteúdos a pais, muitos deles, pela primeira vez, que lhes iria permitir, adaptar-se de forma mais facilitadora a este novo papel.

Esta Unidade de Cuidados na Comunidade, permitiu-me o desenvolvimento de competências em contexto da comunidade, onde pude avaliar e intervir junto de grupos direcionados, no âmbito da saúde escolar, bem como o desenvolvimento pessoal e profissional centrado na autoaprendizagem, autorresponsabilização e pensamento crítico em enfermagem. Um dos objetivos era promover estilos de vida saudáveis, em diferentes componentes, como, saúde oral (pré-escolar e 1º ciclo), promoção da segurança e prevenção de acidentes (anafilaxia) e saúde sexual e reprodutiva. Outro dos objetivos era a prevenção de comportamentos de risco, integrando assim projetos que abordam o Bullying (2º e 3º ciclo).

Neste serviço tive oportunidade de contactar com doentes com múltiplas patologias, entre as quais, cardíaca, pulmonar e oncológica. Mais especificamente, com doentes que se encontravam com descompensações das suas patologias, como insuficiência cardíaca, sendo que, o principal objetivo neste tipo de doentes era estabilizar a sintomatologia (dispneia, edema periférico, entre outros), com administração de oxigénio em diferentes concentrações e diferentes dispositivos, ensino de técnica respiratória e execução de estratégias e/ou exercícios que promovam o retorno venoso, de forma, a diminuir o edema periférico, bem como, avaliar quais os fatores que precipitaram o descontrolo da doença crónica e com isso perceber se o doente realizava uma boa gestão do regime terapêutico (medicamentoso, alimentar e de exercício físico), por forma, a melhorar o mesmo. A nível de doenças pulmonares, contactei com doentes com Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica, onde os cuidados passavam também pela estabilização da sintomatologia decorrente da descompensação da patologia, avaliar a gestão do doente perante a sua condição de saúde e ajudá-lo a melhorar a mesma, como, instruir e treinar sobre administração de medicação por via inalatória (inalador ou câmara expansora) e exercícios respiratórios. Os doentes oncológicos, com quem contactei, na maioria, apresentavam-se em fase final de vida, pelo que tive a oportunidade de prestar cuidados que promoviam essencialmente o conforto, qualidade de vida e dignidade da pessoa. Caso o doente não demonstrasse capacidade para a gestão das suas necessidades, era necessário encontrar um cuidador ou familiar cuidador, ou outra solução viável para a supressão das mesmas, pelo que me permitiu assistir a todos estes cenários e desenvolver competências que me permitem tomar essas decisões.